sábado, 16 de julho de 2011

SIMPLICIDADE

Parte 12


Acima das Nuvens





“A simplicidade em tudo é boa. É na simplicidade que está toda a complexidade da vida.”



A vida possui uma complexidade intrínseca, justamente para que tudo seja simples ao viver. Fazendo uma comparação, a vida é o computador mais perfeito e complexo já criado, com a interface mais intuitiva que existe.

“Intuitiva” é a palavra exata para se descrever a melhor forma de viver.

O ser humano, por vários motivos, é levado a acreditar e valorizar tudo o que é, ou parece, mais complexo e exclusivo. É muito fácil constatar essa tendência hoje em dia. Os sonhos de consumo da maioria das pessoas na atualidade são: TV a Cabo, Carros, Celulares e Tablets. Ai vem as perguntas:

·         Qual é o sentido de ter uma TV a Cabo com mais de 100 canais se o dia só tem 24h, cada programa dura, em média, 1h para ser exibido e a maior parte do tempo você não está em casa para assistir?

·         Qual é o sentido de ter um carro, com cinco lugares, para cada pessoa adulta de uma mesma casa se elas andam sozinhas no carro a maior parte do tempo?

·         Qual é o sentido de ter mais de um aparelho telefônico celular com tantas funções que nunca serão utilizadas?

·         Qual é o sentido de ter um Tablet que não é um computador, não é um livro, não é um aparelho celular, não é uma máquina fotográfica, mas se esforça para fazer, de forma ruim, todas essas funções?

A resposta é: Sistema de Valores.

Cada grupo social e cada indivíduo possuem o seu sistema de valores.

Dentro de um determinado sistema de valores, possuir coisas complexas e exclusivas atribui valor social ao indivíduo, então gera uma demanda específica que aumenta o valor das coisas mais complexas e exclusivas. A simplicidade, funcionalidade, objetividade, eficiência, e o impacto na qualidade de vida não são valorizados. Em outras palavras, complexidade e exclusividade valem 10 e simplicidade, funcionalidade, objetividade, eficiência e impacto na qualidade de vida valem 1.

O sistema de valores que valoriza a complexidade faz com que as pessoas esqueçam que viver é simples.

A complexidade e a exclusividade levam ao individualismo, limitação ostentação, segregação, classificação, discriminação, exclusão e toda uma série de coisas que são totalmente dispensáveis e contrárias à qualidade da vida humana. Por exemplo: Ter uma TV a Cabo com mais de 100 canais aumenta desnecessariamente os gastos e o entretenimento vazio,  diminuindo o tempo disponível para estar com os amigos e a família em atividades criativas e recreativas que melhoram o relacionamento e exercitam os bons hábitos; Ter um automóvel por pessoa da família faz com que, aumente consideravelmente os gastos familiares com impostos, seguros, manutenções, combustível, estacionamento, um imóvel com muitas vagas de garagem, além do plano de saúde para tratar da saúde comprometida por conta do estresse com o trânsito engarrafado – com carros de 5 lugares que levam apenas o condutor – e piora a qualidade do ar, fragilizando a capacidade respiratória das pessoas, levando a uma baixa imunológica fazendo com que o organismo se enfraqueça, etc. Poderia escrever páginas e mais páginas com exemplos de como a complexidade criada pelo ser humano é antiproducente e contrária ao objetivo da vida. Porque a vida é simplicidade.

“intuitivamente” nós sabemos que tudo o que é simples vem junto com tudo o que é bom: Simples e Gostoso; Simples e Natural; Simples e Sincero; Simples e Tranquilo, etc. “Um dia simples e gostoso...”; “Um suco simples e natural...”; “Um rapaz simples e sincero...”; “Um vilarejo simples e tranqüilo...”.

Quando nos permitimos viver de forma intuitiva, naturalmente abrimos mão da complexidade e de todos os problemas gerados por ela.

As sociedades mais avançadas abriram mão de viver em complexas megalópoles, repletas de estilos antiproducentes de vida, e se organizam em pequenas comunidades ou vilarejos – próximos o suficiente para uma saudável interrelação, mas afastados o suficiente para terem características próprias e definidas – que juntos formam cidades autosuficientes. Como um organismo vivo.

As estruturas sociais reduzidas propiciam a vida simples, gostosa, natural, sincera, tranquila e intuitiva em cada vilarejo, que são separados por cinturões verdes – fornecedores de alimentos frescos e orgânicos –, e interligados por linhas de transporte público – normalmente metrô de superfície, elétricos e não poluentes – que levam as pessoas e suas bicicletas de estação central a estação central, de onde, normalmente, vão pedalando até o seu destino final. Não que as bicicletas sejam necessárias – normalmente utilizadas por comodidade, agilidade ou para carregar as compras – já que os vilarejos são construídos de forma a facilitar a caminhada, de no máximo 1 hora, por toda a sua extensão em qualquer direção. Isso quer dizer que, independente de onde você esteja no vilarejo, vai caminhar no máximo 30 minutos até o centro. Essa simples estruturação facilita a atuação do governo e dos cidadãos na criação, fornecimento e manutenção da infra-estrutura, habitação, segurança, saúde e educação. Não existem problemas com o trânsito porque não há a necessidade de carros como meio de transporte individual – o que não impede cada família de possuir um carro, que normalmente são do tipo utilitário, utilizados em atividades específicas ou como opção para viagem familiar –, o relacionamento entre as pessoas é privilegiado e a colaboração é incentivada, o que intuitivamente, leva a que todos pratiquem suas virtudes através de atos responsáveis, que sempre são em benefício de toda a comunidade, fortalecendo sentimentos como a felicidade, tranqüilidade, cumplicidade, amizade, segurança e conforto. O senso de sustentabilidade e responsabilidade é tão natural e eles são tão conscientes da unicidade e do impacto de suas ações que todos os dias, no mesmo horário, os vizinhos realizam a limpeza da calçada e dos jardins, enfrente às suas próprias residências, ao mesmo tempo. Quando terminam, a rua está limpa e o caminhão de lixo só passa para recolher. A economia feita com o serviço de limpeza urbana é revertida para obras de manutenção da infra-estrutura, reciclagem e aperfeiçoamento do sistema de saneamento com redução de impacto ambiental.   

Ao completar 16 anos, os jovens se candidatam ao Serviço Social e Comunitário Remunerado, onde passam quatro horas por dia durante um ano, sendo seis meses atuando em programas sociais como: creches; asilos; sanatórios; orfanatos e hospitais; e seis meses atuando em programas comunitários como: manutenção e conservação do patrimônio público; sustentabilidade; reciclagem; reaproveitamento com redução do impacto ambiental. Durante este período, o jovem recebe, além da ajuda de custo, educação e orientação para desenvolver habilidades e qualidades como: paciência; respeito; atenção; comunicação; responsabilidade; liderança; confiança; visão; cumplicidade; conciliação; integridade; motivação; empatia; otimismo e amor ao próximo.

  É através da educação que as sociedades mais avançadas calibram os seus Sistemas de Valores.

Nestas sociedades a simplicidade, funcionalidade, objetividade, eficiência e impacto na qualidade de vida valem 10, já a complexidade e a exclusividade valem 1.

Elas observaram que estilos de vida antiporducentes não lhes servem e buscam viver a simplicidade intuitiva que leva à unicidade, abrindo mão da forma complexa e instintiva que leva ao individualismo.

Se observarmos atentamente, vamos perceber que é nossa escolha viver acima ou abaixo das nuvens.

 Quando valorizamos a complexidade, exclusividade e usamos nosso instinto é como se escolhêssemos viver abaixo das nuvens, onde somos submetidos aos caprichos do tempo, sujeitos a chuvas, tempestades, dias escuros e nublados com alguns dias de sol e de céu estrelado.

 Quando valorizamos a simplicidade e usamos nossa intuição é como se escolhêssemos viver acima das nuvens, onde os dias são sempre claros, ensolarados e as noites são estreladas com a lua sempre inspiradora em suas fases.

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